Redes Sociais: um clique vale mais que uma experiência?

O ano era 2004. Nos alojamentos da Universidade de Harvard, Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes criavam uma ferramenta que transformaria o relacionamento entre marcas e seus consumidores: o Facebook.
Compartilhando com uma rede de conhecidos pequenos causos cotidianos, registros fotográficos de um momento especial ou uma reflexão sobre quão ruim era acordar cedo. Assim começou nossa relação desengonçada com as redes sociais no extinto orkut.com.
Os smartphones chegaram, o acesso mobile à internet cresceu e as redes sociais passaram a ocupar um espaço cada vez maior e mais significativo na vida das pessoas. Tudo isso aconteceu em um curto espaço de tempo, o que fez de todos nós, marcas e consumidores, grandes testers.
Dentro daquele universo azul, dinâmico e cheio de informações, todos nós experimentamos possibilidades. Inevitavelmente as conexões se intensificaram e a troca de informações também, o que facilitou a venda dos produtos e serviços. Assim é o mundo ideal das marcas: um canal direto de comunicação com o público de interesse, onde é possível compartilhar informações e aguçar a curiosidade dos possíveis clientes.
“Compre aqui”, “Saiba mais”, “Adquira já”, “Vai ficar de fora?” viraram os principais discursos das marcas nas redes sociais. O redirecionamento do clique apagou a importância das experiências e do relacionamento. As postagens cheias de conteúdo deram espaço à conhecida foto atrativa com discurso de “Saiba mais aqui”.
Mas a ponte escolhida pela maior parte das marcas não é segura. Nem sequer vantajosa, já que para uma postagem se destacar diante de tantas outras iguais é preciso um alto investimento financeiro em impulsionamento. Foi então que a efetividade da ferramenta passou a ser questionada, mas em nenhum momento questionamos o uso, por quê?
Mesmo com tantos especialistas vendendo ao mercado a fórmula mágica do sucesso nas redes sociais, muitos deles esquecem que este é um canal efetivo de comunicação e não vendas. De fato, a venda é uma consequência quando a mensagem da comunicação é entregue ao consumidor, mas ela não é o principal objetivo.
Vendas e cifrões dominaram o espaço e a troca de experiências foi esquecida. Começamos compartilhando sensações, emoções e paixões e ao longo da caminhada nos esquecemos de quão valioso é esse tipo de conteúdo. Precisamos resgatar essa essência para voltarmos a entregar ao mercado valor e não apenas preço. A venda é importante, mas só ela não sustenta uma marca.